Gateiros

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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Edith Gaertner e o seu Cemitério de Bixanos


Nascida em Blumenau, em 22 de março de 1882, filha do comerciante e cônsul da Alemanha, Victor Gaertner, conviveu muito pouco com o pai, que veio a falecer quando ela tinha seis anos de idade.

Em sua época de juventude, os sonhos de uma jovem de sua idade estavam voltados para o casamento. No entanto, os de Edith foram canalizados para uma força maior que lhe despertou outras aspirações. A veia artística prevaleceu. Com o falecimento da mãe, em 1900, Edith procurou dar novos rumos à sua vida. Dotada de temperamento independente, espírito vivo, desembaraçado, e possuidora de um charme cativante, com 20 anos viajou sozinha para Buenos Aires, onde residiam um irmão e uma irmã. Trabalhou como governanta de uma família numa fazenda do Uruguai e permaneceu no emprego por aproximadamente um ano.

O grande sonho de Edith era o teatro. Na Argentina conheceu Elenora Duse, atriz de renome que fazia uma turnê em Buenos Aires.

Apoiada pelos irmãos, Edith viajou para a Alemanha, onde cursou por um período de quatro anos a Academia de Arte Dramática, em Berlim.

Viajou por toda a Alemanha e principais cidades da Europa, trabalhando em peças nos mais renomados palcos de teatro de Viena, Dresden, Leipzig e outros. Suas interpretações foram sempre bem recebidas pela crítica que a destacava pela excelente dicção e expressão mímica.Do repertório das suas representações constam peças de Goethe, Schiller, Molière, Shakespeare e outros expoentes do mundo das artes cênicas.

Pouco ou quase nada se sabe do cotidiano de Edith Gaertner na Alemanha. Os registros fotográficos mostram uma mulher voltada para o mundo artístico. As duas décadas que conviveu com o mundo cultural europeu transformaram-na numa mulher independente, habituada a tomar as suas próprias decisões.

Retornar a Blumenau, em 1924, foi uma contingência do destino. A doença dos irmãos solteiros, Erich e Arnold, fizeram-na abandonar a carreira artística para administrar a casa.

Naquela época a Alemanha vivia os efeitos do pós I Guerra Mundial e da grande crise econômica que atingiu o país. Edith voltou à Alemanha em 1928 e permaneceu naquele país por mais de um ano. Visitou amigos e reviveu sua época de teatro (e, comentam, foi atrás de um amor antigo) .

Viajou em seguida para a Argentina, em visita à irmã que lá residia, permanecendo por vários meses. Retornando ao Brasil modificou radicalmente os seus hábitos e estilo de vida.
Do constante e assíduo contato com o público, preferiu refugiar-se no silêncio da sua propriedade, entre livros, animais, o grande jardim e o verde do parque nos fundos da casa. Suas relações de amizade estavam restritas a determinadas famílias.

Neste período Edith desenvolveu um grande apego aos animais, em especial os gatos. Quando algum deles morria eram enterrado, com direito a funeral e cortejo fúnebre, nos fundos de sua casa, onde hoje fica o único cemitério de gatos do mundo. Lá estão enterrados nove gatos: Pepito, Mirko, Bum, Peterle, Musch, Schnurr, Sittah, Putze e Mirl.

O lugar é lindo, pesado, solitário, desolador e extremamente humano. E estranho.


Fonte: Decote

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu gostei da ideia!
rsrsrsrs

Beijos!

^.^ Ana Clara ^.^ disse...

Puxa, Carol, que lindo ver que, em uma época tão triste e pesada, de guerra, uma pessoa se dedicava também a cuidar de seus gatinhos.
Aqui em Poços de Caldas estamos batalhando junto aos vereadores para implantar um cemitério municipal para animais, visto que raramente as pessoas se propõe sequer a enterrar seus lindinhos, quando morrem, simplesmente põe para o lixeiro, um verdadeiro descaso. Aqui em casa meus meninos também ganham um lugar no quintal, com direito a marcar o chão com pedrinhas brancas, mas de fato é um momento de muita dor... vamos mudar de assunto.
E aí em seu lar, todos bem, seu menino está já melhor da cirurgia, e você, como vai gravidíssima!!! Desejando que tudo e todos estejam bem, te envio um super abraço desejando um lindo final de semana, sempre, Toca dos Gatos.

Nikita disse...

Nossa! Que legal Carol! Gostei da história, nossos animais merecem tudo de bom, até nessas horas.

Beijos! Néia e Nikita

Que bom que o Mião tá bem.

Hamanndah disse...

Querida Carol
Existe um cemitério de animnais perto de uma cidade baiana chamada Lauro de Freitas e acho que não deve ser o único aqui na Bahia e até,quem sabe,do Brasil

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