Gateiros

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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Um Novo Olhar Sobre os Bixanos (Continuação...)

"ELES NÃO SÃO ANTIPÁTICOS, MAS INSTINTIVOS"

Para Alexandre Rossi, autor de "Os Segredos dos Gatos", obsessão pelo controle do território faz com que muitos pensem que os bichanos são egoístas e que se importam mais com a casa do que com os donos
De um lado, os gatos são considerados auto-suficientes a ponto de ignorar seus donos. Por outro, há quem defenda que eles são carinhosos como os cães. Para mostrar quem tem razão nessa história, Alexandre Rossi está lançando o livro "Os Segredos dos Gatos" (Editora Globo). Especialista em psicologia animal e autor de best sellers sobre cães, ele escreveu uma obra que, além de assuntos como características físicas e comportamentais e cuidados com alimentação e higiene, traz dicas sobre adestramento.

Galileu: O perfil do dono de animal de estimação vem mudando. Como os gatos têm acompanhado isso?
Alexandre Rossi: O gato é considerado o animal do futuro. Ele é capaz de se adaptar com muito mais facilidade à vida moderna. Hoje temos famílias pequenas, casas e apartamentos menores, e passamos grande parte do tempo fora do nosso lar. O cachorro sente muito a solidão; o felino, não. A pessoa pode trabalhar o dia todo, viajar no fim de semana, e o gato não sente tanto. Geralmente as pessoas que gostam mais de bichanos são as que querem um animal mais independente, que não seja tão grudado como o cachorro. Além disso, ele inspira mais liberdade, mais elegância e mais naturalidade justamente por não ser um animal tão domesticado.

Galileu: Há quem diga que os gatos só se aproximam das pessoas por interesse.
Rossi: Eu discordo. Há pessoas que acham que o gato se importa muito mais com a casa onde ele vive do que com os donos. Isso ocorre porque ele é obcecado por ter controle do território e, enquanto isso não acontece, ele fica incapaz de demonstrar afeição e carinho. Não há nada de antipatia, mas de instinto. No ambiente natural, o gato é predador, mas também é presa. Mesmo em casa, ele tem de saber pra onde ele pode fugir se acontecer algum problema e quais são as ameaças ao redor. Enquanto ele não domina o território, qualquer um que tentar impedi-lo de alguma ação poderá ter uma resposta agressiva.

Galileu: O que uma pessoa precisa saber antes de levar um gato para casa?
Rossi: Primeiro, que o gato é um animal que explora os ambientes tridimensionalmente. Ele sempre vai subir na pia, na geladeira, no microondas, e é importante que ele tenha esse acesso. Não adianta ter um gato e querer limitá-lo ao chão, como se fosse um cachorro. Muitos também pulam janelas, o que obriga o dono a colocar telas. Também é importante lembrar que alguns são bastante barulhentos durante o cio. A gata siamesa é a que mia mais alto nesse período. E é necessário também saber se a pessoa que pretende ter o gato não tem alguma reação alérgica à proteína que existe na saliva dele.
Galileu: Como no caso dos cães, há diferenças de comportamento entre as raças?
Rossi: O comportamento e a estrutura do gato não são tão variados quanto os dos cães. O siamês, por exemplo, costuma ser mais agitado e barulhento, enquanto o persa é mais tranqüilo e silencioso. Geralmente, os mais ativos acabam, por tentativa e erro, descobrindo e aprendendo mais coisas. Por isso, são considerados mais inteligentes.

Galileu: Quais são os principais desafios na hora de educar um gato?
Rossi: O gato é mais difícil de ser treinado, acima de tudo, porque ele deve ser educado em um ambiente que conheça. Você não pode pegar um gato e levar pra um lugar onde haja um treinador. Enquanto ele não estiver adaptado ao ambiente, não vai prestar atenção nas pessoas. Também é difícil porque carinhos e brinquedos não costumam ser boas recompensas para o gato; o petisco é mais usado, mas ele demora mais para comer, o que não permite tantas repetições de exercícios de treinamentos quanto com cachorros.

O gato não consegue ser educado com reforços negativos. Com cachorros, há reforços como colocar um enforcador e apertar o traseiro pra ele sentar. Se isso for feito com o gato, ele vai passar a não gostar da pessoa que o treina. Por outro lado, por meio do reforço positivo, o gato vai se aproximando, se tornando cada vez mais sociável. O cachorro ainda tolera a agressão porque depende muito do ser humano e é capaz de, mesmo assim, continuar amando o dono. O gato, não.

Continua...

Fonte Revista Galileu

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