Gateiros

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

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O bixano de Charles Baudelaire



De seu pêlo louro e tostado 
Um perfume tão doce flui 

Que uma noite, ao mimá-lo, fui 

Por seu aroma embalsamado. 

É a alma familiar da morada; 

Ele julga, inspira, demarca 

Tudo que seu império abarca; 
Será um deus, será uma fada? 


Se nesse gato que me é caro, 

Como por ímãs atraídos, 

Os olhos ponho comovidos 
E ali comigo me deparo, 


Vejo aturdido a luz que lhe arde 

Nas pálidas pupilas ralas, 

Claros faróis, vivas opalas, 
Que me contemplam sem alarde.


Charles Baudelaire
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